terça-feira, 23 de junho de 2009

Saudade

Mais um dia. O celular desperta às 6:00 e altero pra 6:15. Acordo sonolento e só. Como sempre. Sou feliz assim... Eu acho. Confiro se as músicas velhas foram baixadas corretamente durante a madrugada e vou para meu banho. Dentes, colônia, roupa, mochila e espelho... Observo se tenho algum pêlo no rosto. Sim! Tenho vários, mas não vou tirá-los. Vinte e dois anos e não tenho uma barba decente no rosto. Meu medo é a velhice se emputecer com as minhas reclamações e resolver tomar meu rosto. De qualquer jeito percebo que estou com mau humor... Novidade. Vou para o ponto de ônibus. Duas emergentes idosas se aproximam. Merda! “Bom dia, senhora...” , “Cheguei no ponto agora, não sei... ”. Chegou o ônibus! Graças a Deus! Ou melhor... Não! Tem gente saindo pelo ladrão! Alunos gritando e brincando de brigar dentro do ônibus. Por favor, ônibus, chegue na frente do colégio deles rápido. Ufa! Demorou... Agora falta pouco até as barcas. Coloco o MP3 no ouvido. É a minha única chance no dia de fugir do século XXI. Entro em êxtase agora... Os prédios antigos do Rio de Janeiro com as melodias da década de 30, 40... Tenho pena desses contemporâneos. Correm e obstruem a passagem dos outros. Ineptos! Acanhados! Vós sois os verdadeiros culpados por minha sociofobia! Que esse caminho até a barca seja eterno. Mas não é! Coloco o bilhete. Vejo rostos conhecidos e finjo que não os conheço. Torço para que não venham falar comigo! Não quero sorrir agora. Corro para um canto da estação. Aqui não me verão. E assim vou pela baía. Olhos fechados e retorno ao que deveria ter sido meu passado. Estou na década de 50 agora... Escutando a Rádio Nacional: Marlene, Dalva de Oliveira, Orlando Silva, Francisco Alves... Ahhh... Que pena que o tempo acabou. Pelo menos estou revigorado em parte pra enfrentar toda essa gente chata, egoísta e triste. Seja bem vindo ao século XXI!

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